7 de mar. de 2011

Nudez

Liberto-me de uma capa que pesava sobre os meus ombros e respiro agora aliviado. Nunca pareceu fácil, mas mesmo assim insistia em carregar toda aquela máscara, toda aquele esplendor que ofuscava o mais belo de todos os brilhos.

Sangue, suor e lágrimas escreveram minha história do começo até o fim. Renúncia e amor estava em cada ato e pensamento e gesto do Autor de minha vida. Pude sentir Seu dedo marcando meu coração da mesma forma que marcava o chão junto daquela mulher.

Como fui tolo e deixei minha mente apagar cada detalhe daquele rosto: Seu sorriso; Suas lágrimas; Sua voz doce chamando meu nome; Seu olhar dizendo que me amava e que me compreendia, e que estaria comigo todos os dias. Como pude esquecer que Ele veio por mim e para mim, e como pude achar que eu era merecedor de tudo isso, ou o o mínimo que fosse. Não era certo.

Dispo-me sim e entrego-me nú, dá mesma forma que eu estava no dia em que Ele me encontro. Dispo-me pois sei que Ele me vestirá com vestes que nunca poderia comprar. Dispo-me pois nunca tive e nunca teria nada para oferecer, e sei que me entregando por inteiro ainda não seria suficiente, mas morrendo para mim talvez consiga entender melhor o motivo de tanto amor.

Um comentário:

Canteiro Pessoal disse...

Araújo, excelente grafamente que proclama um alphorriado.

Abraços

Priscila Cáliga